— Se
apresse, menino! Vai se atrasar! [gritava Íris para o filho].
Já
passava do meio-dia e Bruno ainda não estava pronto para almoçar e
ir para a escola. Na verdade, ainda estava só de cuecas e metido
embaixo das cobertas quando sua mãe chamou.
Na noite
anterior o Telecine Cult transmitiu "O Exorcista", clássico
que ele apenas ouviu falar, mas nunca havia assistido. Sempre lhe
disseram que era o filme mais assustador de todos os tempos, o que
despertou sua curiosidade quando viu, no final da tarde passada, que
estaria em exibição.
O horário
marcado era 02:25, Bruno precisou deixar o despertador ligado para
não perder a hora. Assim, com a TV do quarto em volume baixo, para
não atrapalhar o sono dos pais e receber um bronca, ele assistiu a
obra-prima de William Friedkin sem medo, do auge dos seus nove anos.
Bom, não exatamente sem medo. Ao término do filme, já passada as
cinco da manhã, as cenas da possessão da garota Reagan não saiam
de sua mente. Era fechar os olhos que as imagens do vômito verde, o
giro da cabeça, a masturbação com o crucifixo (que ele sequer
entendeu bem) ou a levitação teimavam em surgir. Claro que ninguém
saberia disto, já que seria humilhante para um homem admitir que
ficou com medo de um filmezinho bobo, assim pensava.
O sono só
chegou muito tempo depois do Sol raiar e iluminar parcialmente o
quarto do garoto. Ainda que tivesse medo de que, a qualquer instante,
sua cama fosse começar a balançar, sentiu-se mais seguro sendo dia
e os pais estarem acordados. Quando escutou o pai ligar o chuveiro
caiu no sono quase instantaneamente. Não teve pesadelos. Na verdade,
nem teve certeza se dormiu, tinha a impressão de num instante fechar
os olhos e no outro ser despertado pela mãe.
Preguiçosamente,
vestiu a primeira camiseta que sua mão tocou e dirigiu-se para o
banheiro, semi-acordado. Lavou o rosto, escovou os dentes, urinou
abundantemente (não o fazia há mais de dez horas) e tomou um banho
rápido, quase frio, mais para despertar do que para higienizar-se.
Após fechar o chuveiro e apertar a toalha contra os olhos ao
secar-se, já se sentia mais disposto.
O cheiro
da comida da mãe era delicioso. O aroma do feijão bem temperado
atiçou o estômago de Bruno logo que ele saiu do quarto, já vestido
para o colégio. Tinha fome. E agradecia a Deus pelo cardápio não
trazer sopa de ervilhas.
* * *
Bruno
estava no segundo ano. Estudava na Escola Municipal de Ensino
Fundamental Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, em Novo Hamburgo,
no bairro Redentora. Era um dia bonito de outubro, em plena
primavera, com o Sol brilhando e uma leve brisa impedindo que o calor
insuportável se instalasse.
Exatamente
para aproveitar a tarde, a professora resolvera antecipar a Educação
Física, que estava programada apenas para o próximo dia.
— Não é
dia de ficarmos trancados na sala! [Dizia animadamente Fernanda, a
mestra, que na verdade era uma estagiária e não tinha idade nem
para ser mãe dos seus alunos].
Bruno
gostava de futebol, mas, após dormir pouco e ter comido rapidamente
no almoço, não se sentia muito animado para jogar. Mesmo assim,
atendendo a pedidos dos seus colegas e, principalmente, porque
Marianne, a menina que ele gostava, estava olhando, decidiu jogar um
pouco. Bem pouco, na verdade, já que, cinco minutos após entrar na
quadra, uma bola afortunadamente acertou seu nariz, após um colega
do time adversário chutá-la forte e sem direção. Bruno caiu de
costas, enquanto enxergava raios de todas as cores e formas graças a
bolada. Fernanda chegou a correr para acudí-lo, mas as risadas dos
colegas, juntamente com a vergonha de ter feito papel de bobo à
frente da mulher da sua vida trataram de reanimá-lo imediatamente.
* * *
Nuvens
começavam a se formar, escondendo o Sol. A brisa já começava a
tomar forma de vento e, por precaução, Fernanda decidiu que era
melhor retornarem à classe.
Mais
cansado ainda, após tentar exibir-se para Marianne e ser nocauteado,
passando o resto da aula emburrado, Bruno sentou-se pesadamente em
seu lugar, no fundo, próximo à janela, e se pôs a conversar com
Jean, seu colega e melhor amigo.
— E aí?
Viu o Exorcista ontem? [perguntava Bruno]
— Pior
que não. Meus pais não me deixaram ver e…
— Ah!
Não mente, cagão!
— Sério,
cara! Eu ia olhar, sim!
— Aham,
sei… Tava é com medinho, seu viado! Eu olhei todo e…
— Meninos…
[interrompia a professora] Abram seus livros, agora é hora do conto.
— Viadinho…
[disse Bruno para Jean, quase inaudível, com um sorriso de canto de
boca]
A hora do
conto, para Bruno, era tédio puro. Nunca gostou muito de ler, nem
mesmo quadrinhos. Se ler já era chato, dizia, imagina alguém ler
para você! E a história de hoje era João e Maria, um conto que ele
já ouvira umas quinhentas vezes e que achava muito infantil. Mesmo
assim, resolveu acompanhar a professora Fernanda no seu Livro de
Contos, um calhamaço com cinquenta histórias que os alunos
receberam no início do ano letivo.
A chuva
começava a cair, de imediato Bruno bocejou, mas seguiu acompanhando
a fábula. Quando João e Maria encontraram a casa de doces na
floresta, Bruno embaralhou a vista e quase não distinguiu as letras
do texto. Quando João ofereceu um graveto para a Bruxa tocar, no
lugar de seu dedinho, Bruno cochilou sobre o livro.
Acordou de
sobressalto, com o barulho do granizo batendo no vidro da janela. De
olhos arregalados, percebeu que estava sozinho na sala, que estava
com muito frio e que já anoitecera…
* * *
Quanto
saiu do banho e vestiu-se para ir à escola, usava apenas uma calça
jeans e uma camiseta gola polo, e saíra reclamando do calor.
— Leva
uma blusa, pois esfria de tarde! [disse-lhe a mãe].
Bruno não
lhe deu ouvidos, como era de praxe. Desta vez, porém, arrependia-se.
O termômetro da sala, que a tarde registrava 25°, agora marcava 5°.
Um frio atípico para a estação.
Com os
braços cruzados sobre o abdômem, caminhou até a porta, rezando
para que não estivesse trancada. Um arrepio correu pelo pescoço
quando tocou a maçaneta, sentindo todos os pêlos do corpo se
eriçarem, mas, felizmente, estava destrancada.
O frio
fora da sala era estranhamente menos intenso. Porém, o corredor
estava às escuras, bem como toda a escola. Pelo que o garoto
lembrava, o interruptor se localizava em uma pilastra próxima à
escada, há uns cinquenta passos de onde ele estava, segundo suas
contas. Não queria passar a noite alí, mas, principalmente, não
queria permanecer no escuro.
Aguardou
seus olhos acostumarem com a penumbra e, guiando-se pela parede, saiu
para o corredor. Mentalmente ia contando os passos, quase não
respirando de tensão, ouvindo o barulho do granizo no telhado.
Vinte e
sete, vinte e oito, vinte e nove…. O frio retornava com força.
Agora ele podia ver nuvens de ar a cada respirada. Quase pensou em
voltar correndo para a sala de aula, mas agora estava mais perto do
interruptor, então decidiu acelerar o passo, quase correr.
Quarenta,
quarenta e um, quaren… seus pés pisaram em algo molhado e viscoso.
Mal teve tempo de registrar isto, pois vislumbrou a pilastra quase ao
alcance das mãos. Deixando o apoio da parede, Bruno correu onde se
lembrava que ficava a chave de energia. Seus dedos tocaram
imediatamente as teclas e fez-se a luz!
Com o
corredor perfeitamente iluminado, Bruno teve um hiato de cinco
segundos de uma tranquilidade razoável, até registrar uma poça de
sangue a menos de dez metros de onde ele estava. Seus olhos se
voltaram primeiro para as pegadas rubras que seus tênis deixaram
pelo caminho, e em seguida para o teto, sobre a poça, de onde pendia
o corpo do senhor Mauro, o zelador da escola. Estava nu, pendurado
pelos pés através de uma corda fixada em um suporte de uma das
luminárias. Uma perfuração no centro do peito e o rosto
completamente vermelho, com um semblante de sofrimento, davam a ideia
de que sangrara até morrer.
As pernas
de Bruno fraquejaram, seu estômago se contorceu, querendo expulsar o
almoço. Inclinou-se sob o parapeito e, segurando-se nas barras,
vomitou. O som ecoava na escola vazia. Pálido, ainda tremendo,
contornou a poça e correu para o andar de baixo.
* * *
O térreo
estava iluminado somente pelas luzes do segundo andar. O hall de
entrada da escola tinha uma porta dupla de um vidro transparente,
dando direto para o pátio principal. Bruno correu direto para lá, e
forçou uma das folhas. Sem sucesso. A porta, além de trancada a
chave, possuia uma corrente unindo os puxadores, do lado de fora, com
aros grossos, e um cadeado.
Desesperado,
jogou-se contra o vidro, que devolveu o mesmo impacto, atirando-lhe
ao chão. Um trovão ribombou no pátio, sobre uma das traves de
madeira da quadra de futebol. O fogo imediatamente começou a
consumir as goleiras. Com dificuldade, Bruno levantou-se, apoiando o
corpo nos pesados vasos de planta que ali haviam. Devido ao breu da
noite, não havia percebido algo nas traves que, agora, devido ao
fogo, podia ver melhor: Professora Fernanda, sem roupas, pendurada
pelo pescoço em uma corda no meio do travessão e com as mãos
amarradas às costas tremulava ao ritmo do vento.
Bruno
ficou em estado de choque. Estático, permaneceu olhando fixamente
para o pátio, com os olhos arregalados e a boca aberta. Só saiu do
transe quando o fogo consumiu a corda e Fernanda, com os cabelos em
chamas, caiu no chão de concreto. Ele precisava sair dalí, tinha de
achar uma saída, não queria ficar preso naquela escola.
Sem ação,
lembrou-se dos banheiros, que ficavam bem próximos da entrada. Cada
compartimento possuia uma janelinha. Ele teria de tentar. Disparou na
direção dos sanitários mesmo quase sem visibilidade, com a
adrenalina em alta. Nem percebia que chorava até as lágrimas
salgadas chegarem à sua boca.
* * *
Meio
trôpego, Bruno deu com o nariz na porta do banheiro masculino.
Testara a maçaneta insistentemente, quase a arrancando da fechadura,
mas nada acontecia. Frustrado, escostou a testa na madeira e começou
a chorar copiosamente, deixando-se deslizar até o chão enquanto
soluçava.
Foi em
meio às lágrimas que, olhando para a escada que conduzia ao segundo
andar, vagamente iluminada, um movimento chamou-lhe a atenção:
envolto em algo que parecia uma toga com capuz, um Ser praticamente
deslizava rumo ao andar de baixo através dos degraus. Lentamente, o
Ser virou a cabeça na direção de Bruno. Um par de olhos
estrábicos, de um violeta vivo, fitaram o garoto. Da fenda negra
abaixo do nariz, bem evidente devido a pele pálida, um largo sorriso
com dentes disformes e amarelados surgiu. A coisa apontou um dedo
para Bruno:
— Você…
[a voz era quase um ronronado de um gato] Quero você…
A bexiga
do menino soltou-se nesta hora. Nem percebeu o mijo quente escorrer
por entre as pernas. A sua mente de garoto não havia lhe sugerido
tentar o banheiro feminino. Era algo errado, proibido. Mas Bruno não
mais importava-se com bons modos e, antes da criatura entrar na curva
da escadaria, testou a porta do sanitário das meninas. Quase
gargalhou ao achá-la destrancada.
Encostou-a
sabendo ser inútil, já que não tinha a chave, mas não se
preocupava com isto. Precisava ser rápido, podia sentir o farfalhar
da toga nos degraus da escada há menos de trinta metros. Aliviou-se
ao achar a tomada e ter o cômodo inteiramente iluminado.
O banheiro
feminino tinha três compartimentos, e, instintivamente, dirigiu-se
ao central. Ao abrir a porta sentiu uma nova onda de horror: Jean
estava sentado, com as calças abaixadas. O colega de Bruno fôra
decapitado, e só foi reconhecido pelo amigo graças a camiseta da
banda Oasis, que usava frequentemente, agora ensopada de sangue.
Tornando a cena ainda mais bizarra, Jean segurava em suas mãos, na
frente da virilha, a cabeça de Marianne, que mantinha a boca
escancarada em um eterno O e os olhos abertos sem vida e sem íris.
Pela
primeira vez na noite Bruno gritou, e cambaleou de costas até
encostar na parede, afastando-se daquele cenário aterrador. O ar
parecia impregnado com o cheiro pesado de sangue. Um gosto de bile
subiu à garganta do rapaz quando escutou passos vindo do exterior do
banheiro.
Impelido
pelo medo, entrou no compartimento central, e puxou o amigo morto
para o lado, a fim de subir no vaso. Ao deslocar Jean, o defunto
derrubou a cabeça de Marianne. O barulho foi semelhante ao que se
ouve ao atirar um peixe sobre uma tábua de madeira. A janela abriu
sem dificuldade no exato instante em que a porta rangia ao ser aberta
lentamente. Bruno subiu na caixa descarga, escorregadia devido ao
sangue, e içou-se pela pequena abertura acima. Em três segundos
estava do lado de fora, estatelado na relva, de costas para cima.
Virou-se a tempo de ver o rosto pálido do Ser na janelinha, ainda a
lhe sorrir.
A chuva
era fria, as roupas estavam empapadas, Bruno tremia e batia queixo.
Levantou-se e caminhou em direção ao portão da escola. Um cheiro
de carne de porco assada chegou ao seu nariz ao passar próximo do
corpo fumegante da professora. Ela havia caído de lado, e não era
mais do que um esqueleto envolto em pele negra ressecada, mas com os
olhos estranhamente vivos a fitar o garoto.
O granizo
castigava-lhe o corpo franzino. Estava exausto, machucado pela queda,
chocado com tudo que havia passado, mas resistia à entrega
bravamente. Precisava sair daquele inferno e buscar ajuda. Estava a
menos de dez metros do portão quando uma pedra de gelo do tamanho de
uma bola de pingue-pongue o acertou no supercílio, o derrubando de
joelhos.
Com a
visão turva, levou uma das mãos ao machucado e se assustou quando
as pontas dos dedos se mancharam de sangue. Do SEU sangue. Apoiando
um braço no solo, levantou-se novamente e deu dois passos até que
uma nova pedra de gelo, desta vez quase do tamanho do um punho
fechado, atingiu-o na face, jogando-o no chão lamacento. Um gosto
ferroso de sangue inundou sua boca enquanto a chuva de granizo
ganhava força, judiando-o por inteiro.
Mesmo no
frio sentia o corpo arder nos locais em que era atingido. Num ato de
desespero levou as mãos ao rosto para se proteger. Parecia que todo
o granizo do mundo havia o escolhido para alvo. Ao virar-se de
barriga para baixo instintivamente, a fim de proteger os órgãos
vitais, uma última pedra atingiu-o na nuca. Bruno perdeu os sentidos
em meio a tempestade, enquanto uma poça de sangue aquoso formava-se
ao redor de seu corpo.
* * *
Um barulho
contínuo trouxe-o de volta. Estava deitado em uma cama branca, num
quarto branco, com uma pessoa de branco à sua frente. Tinha
dificuldade para abrir os olhos, que estavam bem inchados, mas, ao
vislumbrar a mãe sentada na poltrona a seu lado, quase fez o globo
pular da cavidade.
A mãe foi
até ele e o abraçou levemente enquanto chorava silenciosamente,
evitando forçá-lo muito.
— Eu…
[Dizia Bruno, quase sussurrando] eu tô vivo? Mãe?
— Sim,
filho! Sim! [Íris começava a chorar mais alto] Deus é bom!
— Mas…
mas como me acharam?
A mãe
olhou para o doutor, que lhe devolveu o olhar, meio embascado,
piscando através dos óculos de lentes esmaecidas.
— A
diretora ligou, filho. Você bateu com a cabeça na quadra jogando
bola, lembra?
— Eu?
Quando?
— Há
dois dias, Bruno. [Respondeu o médico, por baixo da máscara
cirúrgica] Desde então você apenas dormiu, até agora.
A cabeça
de Bruno voltou a doer, sentiu o mundo girando. Sua mãe segurava seu
pulso.
— Tudo
bem. [continuou o doutor] É uma reação natural de quem sofre algum
trauma no crânio. É melhor deixá-lo descansar mais um pouco, dona
Íris.
A mãe
acomodou-o no travesseiro. Um sorriso brotou no rosto de Bruno. Agora
percebia que estava nu, provavelmente devia ter urinado nas roupas e
na cama e foi preciso trocá-lo, mas era uma humilhação que poderia
suportar.
— O que
foi, filho? Por que o riso?
— Nada
não mãe, um negócio que sonhei, só isso.
— Deve
ter sido um sonho e tanto. [Disse o médico] Você dormiu por quase
dois dias inteiros. Dormindo você se recuperaria mais rápido.
Bruno viu
o médico introduzir uma seringa no frasco de soro que estava
conectado ao seu corpo.
— O que
é isto, doutor?! [perguntou o rapaz]
— Ah. É
um negocinho para você dormir mais um pouco. Ainda não está bem,
bem. Mais um dia de recuperação e já vai poder voltar até a
namorar. [o doutor piscou para Íris, e um sorriso de alívio surgiu
no rosto da mãe, em meio às lágrimas incessantes]
Íris
abraçou o filho uma vez mais. Sua testa já não estava febril, o
que aliviou ainda mais a mulher.
— Eu vou
ao banheiro lavar os olhos filho. Já, já eu volto.
Após um
beijo no rosto, a mãe de Bruno deixou-o só com o médico. O menino
já sentia a sonolência lhe dominar enquanto seus olhos percorriam o
quarto de hospital. Um instante mais tarde, seu olhar parou em seus
tênis, colocados sobre a roupa dobrada que usava quando foi a escola
na última vez, em cima de uma cadeira. Na sola, Bruno notou manchas
vermelhas, como se ele houvesse pisoteado em beterrabas cozidas.
Aflito,
mas sem forças, olhou para o doutor, parado aos pés da sua cama,
com uma segunda ampola nas mâos. O médico baixou a máscara e
sorriu, exibindo seus dentes amarelados e podres, e aproximou-se de
Bruno. Através dos óculos, o garoto viu com incredulidade e terror
os olhos vesgos cor de violeta. Então falou, abaixando o rosto
próximo o bastante para que seu paciente sentisse o hálito
putrefato:
— Bons
sonhos, menino. Descanse em paz.
Depois
disto, o mundo de Bruno foi tomado pelas trevas.
_________________________________
Wagner De La Cruz
(Tramandaí, 03/08/1988) é um escritor e compositor gaúcho.
Inicialmente autor de contos eróticos, publicou seu primeiro
romance, "A Defensora", um drama político, em 2015. Em
2016 aventurou-se no mundo do terror com o conto "Horror na
Escola". É casado e vive em Imbé, famosa praia do Rio Grande
do Sul.
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